A psicomotricidade é uma abordagem que integra corpo e mente, tendo como objetivo promover o desenvolvimento motor, cognitivo e emocional de crianças e adolescentes. De acordo com o renomado psicomotricista Aucouturier (2002), “a psicomotricidade não se limita apenas ao desenvolvimento das funções motoras, mas busca também a harmonização entre o corpo e a mente, essencial para a formação do sujeito”. Ela favorece, por meio de atividades lúdicas e corporais, a melhoria da expressão emocional, a coordenação motora e o relacionamento social, aspectos fundamentais para o crescimento saudável.
Benefícios da Psicomotricidade para Crianças e Adolescentes:
1. Desenvolvimento Motor e Coordenação:
A psicomotricidade trabalha tanto com habilidades motoras grossas (como correr, pular, saltar) quanto com as motoras finas (como escrever, desenhar, manipular objetos), essenciais para o aprendizado e o cotidiano escolar. Segundo Clotilde J. M. Aucouturier (2002), “o movimento é uma expressão do desenvolvimento psicológico, sendo a primeira forma de linguagem do ser humano”. Essa relação entre movimento e desenvolvimento cognitivo é crucial para o bom desempenho das crianças e adolescentes nas atividades diárias.
2. Aperfeiçoamento Cognitivo:
As atividades psicomotoras, que envolvem percepção, atenção e memória, favorecem o desenvolvimento cognitivo, essencial para a aprendizagem escolar. Como afirma Régine Boudarel (2000), “o movimento permite à criança organizar e estruturar o espaço mental, facilitando processos como a atenção e a memória”. Além disso, ao realizar atividades que exigem concentração e coordenação, as crianças melhoram sua capacidade de resolver problemas e de perceber o ambiente ao seu redor.
3. Desenvolvimento Emocional e Psicológico:
A psicomotricidade tem um papel importante na gestão das emoções e na construção da autoestima. Perrier (2007) destaca que “as atividades psicomotoras ajudam a criança a lidar com frustrações e a adquirir autoconfiança, essenciais para o enfrentamento das dificuldades da vida”. Através de exercícios que exploram o corpo, a criança consegue expressar seus sentimentos, melhorar sua autopercepção e desenvolver uma imagem mais positiva de si mesma.
4. Integração Social e Relações Interpessoais:
Ao realizar atividades em grupo, a psicomotricidade favorece a socialização, a comunicação e a cooperação entre os indivíduos. Como argumenta Jean Le Boulch (1984), “o movimento é uma das vias privilegiadas para a criação de vínculos sociais, permitindo a troca, o respeito e a compreensão”. As crianças e adolescentes que participam de atividades psicomotoras desenvolvem habilidades sociais essenciais para a convivência em grupo, como a empatia, o respeito às regras e a colaboração.
5. Prevenção e Tratamento de Distúrbios:
A psicomotricidade é uma ferramenta eficaz na prevenção e no tratamento de distúrbios como a hiperatividade, o déficit de atenção, dificuldades de aprendizagem e transtornos comportamentais. Segundo Boulch (1997), “a psicomotricidade é fundamental para o acompanhamento terapêutico de crianças com dificuldades de aprendizagem e distúrbios psicomotores, pois atua diretamente na integração das funções motoras e cognitivas”.
Conclusão:
A psicomotricidade é uma prática essencial no desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, promovendo um equilíbrio entre corpo e mente. Como afirmam Aucouturier e Boudarel, ao proporcionar a exploração do corpo e o desenvolvimento emocional e cognitivo, ela prepara os indivíduos para enfrentarem os desafios da vida cotidiana com mais confiança, habilidades sociais e autocontrole. Por isso, incorporar a psicomotricidade desde a infância é um passo fundamental para o desenvolvimento saudável e completo das futuras gerações.
Referências:
Aucouturier, A. (2002). Psicomotricidade: Um caminho para o desenvolvimento da criança. Porto Alegre: Artmed.
Boudarel, R. (2000). Psicomotricidade: Teoria e prática. São Paulo: Papirus.
Le Boulch, J. (1984). Psicomotricidade e educação. São Paulo: Summus.
Perrier, L. (2007). A psicomotricidade e suas implicações na educação e na terapia. São Paulo: Editora Cortez.