No Brasil cerca de 1,5 milhão de adolescentes e adultos usam maconha diariamente.
Por Adriana de Morais
maconha é a substância proibida por lei mais usada em nosso país. Trata-se de uma erva polêmica que gera discussões, em especial sobre a possível descriminalização e seus malefícios.
Descriminalizar significa retirar do consumo de drogas o caráter criminoso, isentar, inocentar, ou seja, não penalizar o consumo.
A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que haja 181,8 milhões de usuários de cannabis, em suas preparações mais comuns, como maconha e haxixe, com idade entre 15 e 64 anos no mundo.
No Brasil cerca de 1,5 milhão de adolescentes e adultos usam maconha diariamente. O dado faz parte do II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), Segundo o estudo, 3,4 milhões de pessoas entre 18 e 59 anos usaram a droga no último ano e 8 milhões já experimentaram maconha alguma vez na vida, o equivalente a 7% da população brasileira. Desses, 62% tiveram contato com a droga antes dos 18 anos.
Seu principal ativo é o delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC). É a concentração do THC que determina a potência dos efeitos. Ele é rapidamente absorvido pelos pulmões e pela corrente sanguínea, na qual atinge seu pico de concentração 10 minutos após ter sido inalado.
A substância afeta primeiramente o funcionamento do sistema vascular e do sistema nervoso central. Muitos estudos demonstram que a intoxicação pelo THC compromete a capacidade de dirigir automóveis e de realizar outras atividades que requeiram maior atenção e coordenação motora por até cerca de 10 horas após o uso.
Efeitos negativos da maconha
Fumar maconha produz mudanças bastante rápidas no humor, percepção de tempo, memória e outros aspectos da função cerebral. Os efeitos mais desejados são uma sensação de euforia, relaxamento e bem-estar geral.
Ansiedade, disforia, pânico e paranoia são os efeitos indesejáveis mais comumente relatados por usuários não familiarizados com seus efeitos. Sintomas psicóticos, como delírios e alucinações, também podem ocorrer com o uso de altas doses.
Síndrome amotivacional
É uma consequência do uso crônico e pesado da maconha. Este quadro é caracterizado pela diminuição da energia e da vontade, assim como prejuízo social e ocupacional significativos. Na síndrome amotivacional nota-se diminuição da capacidade de atenção e julgamento, além de introversão, com diminuição da comunicação e das habilidades sociais.
Dr. Claudio Jerônimo da Silva, psiquiatra, explica que a síndrome amotivacional é muito parecida com a depressão, mas uma diferença relevante é que na síndrome apesar da falta de motivação para realizar as coisas, a pessoa continua bem. Já na depressão essa falta de desinteresse deixa a pessoa incomodada, ela não se sente bem e tende a buscar ajuda para sair dessa situação.
Principais efeitos causados pelo uso agudo da maconha
Gerais: relaxamento, euforia, pupilas dilatadas, conjuntivas avermelhadas, boca seca, aumento do apetite, rinite, faringite.
Neurológicos: comprometimento da capacidade mental, alteração da percepção, alteração da coordenação motora, maior risco de acidentes, voz pastosa (mole).
Cardiovasculares: aumento dos batimentos cardíacos, e da pressão arterial.
Psíquicos: despersonalização, ansiedade/confusão, alucinações, perda da capacidade de insights, aumento do risco de sintomas psicóticos entre aqueles com histórico pessoal ou familiar anterior.
Principais efeitos causados pelo uso crônico da maconha
Gerais: fadiga crônica e letargia, náusea crônica, dor de cabeça, irritabilidade.
Neurológicos: diminuição da coordenação motora, alterações de memória e de concentração, alteração da capacidade visual, alteração do pensamento abstrato.
Psíquicos: depressão e ansiedade, mudanças rápidas de humor, irritabilidade, ataques de pânico, tentativas de suicídio, mudanças de personalidade.
Respiratórios: tosse seca, dor de garganta crônica, congestão nasal, piora da asma. Infecções frequentes dos pulmões, bronquite crônica.
Reprodutivos: infertilidade, problemas menstruais, impotência, diminuição da libido e da satisfação sexual.
Sociais: isolamento social, afastamento do lazer e de outras atividades sociais.
Síndrome de abstinência
Definida como um conjunto de sinais e sintomas que surgem na suspensão do consumo de drogas geradoras de dependência física e psíquica.
Os sintomas de abstinência favorecem o desenvolvimento da dependência e dificultam a interrupção do uso. A síndrome de abstinência de maconha tem sido descrita por sintomas que desaparecem com a retomada do consumo. Os principais sintomas relatados são:
- Desconforto generalizado;
- Fissura;
- Diminuição do apetite;
- Perda de peso;
- Inquietação;
- Problemas para dormir;
- Agressividade;
- Irritabilidade;
- Tremores;
- Angústia;
- Cansaço;
- Sonhos estranhos;
- Sintomas depressivos.