“Só se podem juntar as mãos quando elas estão vazias”.
Provérbio Tibetano.
Por Paulo Pio
Odesapego é um dos mais importantes caminhos que o homem deve seguir rumo à educação emocional. Desapegar-se é renascer todos os dias com uma energia nova, revigorada. É dar valor a tudo o que se tem ou conquistou. É lutar com intensidade para vencer os obstáculos desta vida. É usufruir os bens da terra, mas não se apegar a nada.
Desapegar-se é sentir-se liberto das algemas do mundo. É, literalmente, soltar-se de algo, desprender-se. É abandonar uma posição social ou profissional sem sofrer. É livrar-se do que não nos é mais necessário. É abrir-se para o que está por vir. É praticar um voo para a liberdade.
Um senhor muito rico viajou a um país distante para visitar um sábio. Ao adentrar a sua residência notou que ela, de tão simples, quase não tinha móveis. Diante de tanta simplicidade, o visitante não resistiu e perguntou:
Onde estão os seus móveis?
A resposta do sábio veio em forma de pergunta:
E onde estão os seus?
Ora, ora. Estou aqui somente de passagem, respondeu o milionário.
Eu também estou aqui apenas de passagem, respondeu o sábio.
Muito vivem na Terra como se fossem ficar aqui eternamente. Apegam-se a tudo e a todos. Não é importante o que temos ou deixamos de ter, mas o que somos ou nos tornamos mediante o que possuímos ou não.
Existem também os apegos emocionais. Por egoísmo ou insegurança, nos apegamos a pessoas ou situações da vida, que, por mais dolorosos que sejam os problemas, não conseguimos deixar o porto do comodismo e do sofrimento. Não conseguimos soltar as amarras e deixar nosso barco navegar para novos oceanos.
DESAPEGO = A DOR DA LIBERDADE
Praticar o desapego dói. Mas é plenamente possível!
Devemos aprender a fechar os ciclos da vida. Não vamos nos aprisionar ao verbo ter. Se não soltarmos o que é velho, não haverá espaço para o novo. Praticar o desapego é abrir mão da vontade de dominar, escravizar, possuir e manipular seres ou situações que a vida nos apresente.
“Amar é ter um pássaro no dedo. Quem tem um pássaro no dedo sabe que, a
qualquer momento, ele pode voar”.
Dois monges budistas viajavam juntos quando chegaram às margens de um rio caudaloso. Encontraram lá uma linda jovem tentando atravessá-lo. Prontamente um dos monges ofereceu-se para levá-la e, erguendo-a nos braços, levou-a até a outra margem. Logo após, seguiram viagem. Depois de muito tempo de caminhada, o discípulo perturbado com o acontecido, questionou o mestre:
Não é correto tocar uma mulher. Não podemos ter contatos íntimos e, apesar disso, o senhor atravessou o rio com aquela moça nos braços. Não acho isto certo!
Tolo – respondeu o mestre – Eu deixei a moça na outra margem do rio. Você ainda a está carregando nos braços.
“O apego é a origem de todos os males do mundo”
Buda